sábado, 5 de fevereiro de 2011

Alter


     As onze e cinquenta e nove da anacronia, o meu peito encontrava-se dilacerado por coelhos e coiotes. Os sussurros gritaram a dor que tudo corroia. O medo dominava as linhas cinza e vermelhas do corpo. Linhas estas, que mostravam o quão idiota são meus pensamentos e quão poderosos podem ser.
     Seguidos de regras, conceitos, predefinições e tarjas, que encadeavam a rubra caixa imaginária, segurada por espíritos, demônios e anjos que lutam em resistência definitiva, viajavam nas dimensões ocultas estelares, aclamando a dor angelical (sim, angelical) esquecidas nas facas escondidas na pelúcia miserável das medíocres massas.
     Os dias passam, as faixas estão mais escuras como nunca dantes vistas, refletindo as marcas do horizonte fixado com a translúcida brilhante.
     A direção não gritou mais; o norte se foi; o sul explodiu; o este não existe e o oeste não se vê.
     No meio daquelas bolas prensadas mediocremente em busca do nada, a virtú grita do silêncio.
     Orgasmos de dor deturpam os gritos que cortam as asas daquele que não nasceu, perdendo-se na torrência do superior.
     E próxima àquela auréola de gesso mostrou-se a inocência e o despreparo de individuais, que na volta do desencontro chocaram as lágrimas. A terra grita com a lentidão deles: pequenos e rápidos, férteis e nocivos que bradavam o nada do ser e o completo do todo.
     Melodias de Pandora viajaram por aí, enquanto o choro ouvia ao lado.



     Lembra-te agora, da bola febril e desprezas a vida que ela te mostra, tão sutil e deprimente.
     Porque para elas, as ondas negras, risos ainda cogitam em acontecer.
     Penetrado pela trava da irônica dúvida, viajo a outra dimensão ansiosa.
     Tons de tinta trilharam o teu caminho até quase desaparecerem completamente. E eis que voltam num regurgito doentio e viciante.
     Passeiam rapidamente pelas cores da memória, manchando as paredes do pensamento azul.
     O noventa graus era a dor mais desagradável existente do embora.
     Fios de cobre cantaram tons agudos, e afogaram o timbre de um estranho saber, um saber psicodélico.
     A vontade era por um fim nas calotas ridículas, porém muitas vezes sinceras daquela criatura. Você, sim, você Deivide era a criatura.
     Conexões agora estão desgastadas pelos monstros verdes de Aragon que voavam fixos na grama.
     O temível holocausto das criações toma mais um rumo desconhecido e impenetrante.
     O metal prata continua olhando para mim. Pobres cachorrinhos.
     Quando ela não quiser parar o prazer se unirá ao gozo e assim cairão e as penas sumirão, porque esse grito vale sim muito a pena, à pena da dor e da justiça.
     E assim, a boneca que tão firmemente segura o machado, assassinará a vovó, destruindo todas as ridículas e decadentes máscaras, de um salto jamais remediado no tempo e bailando em doloridos inchaços.
     Pois assim, o bizarro se altera e o normal se enaltece, e a boca costurada fica aos cantos da parede esperando a língua e cabeças do outro pertinente infantil à inocência.
     E quando o íris-arco desaparecer, as cores poderão saltar aos olhos negros e sedutores da luz apagada.
     Contam de três, ela ficará de fora e a pedrinha do rio caminhará sobre as cabeças indiferentes que cantam pro nada.
     Pois enfim, sem voz, este sempre será o grito dos inacabados espetáculos desesperados, de lobos famintos por carne dilacerada, aos olhos de quem vê.

10 comentários:

  1. A luta insessante de quem sou ou de quem serei continua um episodio q parece nao ter fim!
    Vc esta num abismo ? Esta no céu?
    o jogo de antiteses mostra a intensidade do problema só nao sei eu dizer se tem solução! Parabéns mto bonito, intenso, mas nao sei como acaba!

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  2. digno de um livro texto pentrante, muituh bonito e gostoso de ler, aos pouco tente terminar esse texto ele tem potencial...

    t+

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  3. Belo jogo de contradições...que o tornam sufocante e confuso e ao mesmo tempo interessante para quem lê. Se era essa a intenção, conseguiu provocar..pelo menos em mim. Ótimo texto!

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  4. Eita adorei amigo. Muito bem produzido. Um contexto bem legais. As palavreas encaixadas direitinho. Muito massa.. Parabéns.

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  5. Parabéns, perfeito. Quando li, sentia a sensação de estar lendo uma das brilhantes obras de Dan Brown, mas acho que ate ele teria inveja desse texto. Muito profundo, cheio de metáforas. Parabéns mesmo.

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  6. bom depois disso tud... axo q na precisa dizer mais nada... o texto em sí ja diz tud..muit0o bom! como ja foi dito antes , se sua inteção era provocar o leitor! consegui... aliás como semp vc consegue mexer com a nossas mentes, com seus textos um tant0o "diferente", uma vez q nao é ummconjunto de ideias repetidas e copiadas, mas sim um conjunt de informaçoes vindas de seu proprio pensamento! parabéns deivide! xeru*

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  7. Poxa, super inspirador, vc consegue deixar os leitores presos e focados, NOTA 1.000!!!

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  8. Fecho os olhos , vejo apenas um negro som que atrapalha o meu mundo. Será que a realidade persiste na minha realidade? Respostas seriam tão precisas, se elas existissem, como elas não existem, então, permanecem por aqui seres viventes, apenas viventes, que por um grito esperam e por uma pancada d'agua aguardam para iniciar novos passos.



    [Dyluna]

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  9. Amei o texto, agora uma coisa, tua confusão neste textoexpressa perfeitamente muita coisa, e eu coopreendi com perfeição o que o texto quer informar ao leitor, mas esse entendimento nao posso compartilhar aki e somente a vc, superabraço meu amigo...

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